Juliana mora há 5 anos nos EUA e fala sobre a experiência profissional
Todo mundo conhece a NASA, agência espacial norte-americana! A empresa parece ser uma realidade profissional tão distante que, às vezes, é motivo até de brincadeiras. “Ahhaa fulano faz tantas coisas, só falta trabalhar na NASA”, enfim. Para nós brasileiros essa realidade se torna um pouco mais longe, tendo em vista a falta de investimento do Brasil no setor. Porém, com força de vontade e muito estudo é possível se destacar sim, e acreditar que mesmo os sonhos mais difíceis podem se realizar.
Hoje vamos contar para você a história da juiz-forana Juliana Moraes, que desenvolve pesquisas em parceria com a NASA.
Juliana é Engenheira Civil, formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em entrevista à Ombrelo, a profissional conta que na faculdade já fazia vários estágios na área de geotecnia e obras civis. Depois de formada, ela recebeu uma oferta para trabalhar na construção da usina hidroelétrica de Jirau, no interior de Rondônia. Foi engenheira de campo e fiscal das estruturas de concreto por um ano, entre os mais de 20 mil trabalhadores. “Com o passar dos meses, fui me interessando muito pelo material concreto. Sua composição, comportamento e características. Foi então que decidi juntar dinheiro, me mudar para os Estados Unidos, aprender inglês e fazer um mestrado para realizar pesquisas na área de cimento e concreto”, explica Juliana.
A brasileira, nascida e criada em Juiz de Fora, fala que tudo isso demorou pouco mais de um ano, mas que tomou o projeto como objetivo de vida até conseguir iniciar a carreira acadêmica na Penn State University, universidade pública localizada na Pensilvânia.
Depois de concluir o mestrado, Juliana recebeu um convite para cursar o PhD, título para quem termina um doutorado. Além disso, a engenheira foi chamada para ser assistente de pesquisa na NASA, dando início, em 2016, ao seu atual projeto sobre o processo de solidificação do cimento em microgravidade.
“Não trabalho para a NASA, e sim para a Penn State University. Mas eu lido diariamente com cientistas e funcionários da agência espacial, uma vez que eu sou responsável por conduzir a parte experimental do projeto. Inclusive, parte dos meus experimentos e análises de amostras será executada por mim no Marshall Space Flight Center, o centro de pesquisa da NASA em Huntsville, Alabama”, complementa a juiz-forana.
Morar em outro país também exige dedicação
Juliana conta que morar fora fez ela crescer muito como ser humano. Hoje em dia a engenheira respeita muito mais as diferenças entre as pessoas. Já com relação às dificuldades, o maior obstáculo enfrentado por ela foi a comunicação. “Gosto muito de brincar que quando cheguei aqui, fiquei um ano sem rir de uma piada e dois sem contar algo engraçado”, brinca Juliana que está há 5 anos nos Estados Unidos e, hoje, tem o inglês fluente. Atualmente a profissional mora em State College, na Pensilvânia, e conta que o lugar é lindo, com zero criminalidade e muita diversidade cultural.
#FicaDica
Perguntamos a Juliana qual a dica ela dá para as pessoas que querem trabalhar em outro país ou em uma grande empresa e ela responde: “o maior segredo para o sucesso profissional começa pela escolha da profissão, mas sem dúvida é necessário persistência, dedicação, honestidade e transparência”. Para ela, são características essenciais em qualquer área.
Ciência que contribui para o futuro da humanidade
Juliana destaca, ainda, que fica muito feliz e lisonjeada em poder participar do projeto, que é o primeiro passo para a colonização do espaço pelos humanos. Os resultados da pesquisa também serão usados para o melhoramento e otimização do concreto usado em todo o planeta Terra. Vale falar que entre todos os materiais consumidos pelos humanos, o concreto é o segundo no ranking, ficando abaixo apenas da água. Uma grande parcela desse consumo se deve a reconstrução de estruturas já existentes, o que as vezes é resultado da escolha errada do material. “A ideia é otimizar a vida útil do material e reduzir a necessidade de reconstrução”, explica.
Perguntamos também à Juliana o que ela acha da falta de investimento do Brasil na ciência e no mercado espacial. A pesquisadora comenta que o problema do país vai muito além da falta de investimento em ciência. Segundo ela, para que haja pesquisa de qualidade é preciso educação básica e qualidade de vida. “Sem isso, é muito difícil um país se desenvolver em qualquer aspecto”, finaliza Juliana Moraes.