Confira entrevista exclusiva com Daniel Bydlowski, cineasta brasileiro premiado na Comic-Con de San Diego

27 ago | 3 minutos de leitura

Filme “Bullies” tem feito sucesso e chegou a ser cotado para o Oscar 2019

Ao lado da produtora Dilek Ince, Daniel Bydlowski levou o prêmio de Melhor Filme na Comic-Con por “Bullies”.

Ser um cineasta de sucesso é um sonho que pode parecer inalcançável, mas o brasileiro Daniel Bydlowski está seguindo firme e forte em busca disso. No último mês de Julho, o diretor participou da San Diego Comic-Con e levou o troféu de melhor filme de fantasia e o prêmio especial do juri para o melhor filme com “Bullies”. A Comic-Con é considerada a maior e mais popular convenção multimídia do mundo, e o curta-metragem conseguiu chamar a atenção do público e dos críticos.

“Bullies” tem atuações e figurinos impecáveis e é focado em Eugene, um garoto de 10 anos que sofre bullying na escola. Certo dia, Eugene descobre um esconderijo que pode o salvar de todos os seus problemas. A história foi baseada no próprio Daniel Bydlowski e busca alertar o mundo para o problema do bullying.

Conseguimos uma entrevista exclusiva com o paulistano Daniel, e o cineasta falou um pouco sobre este momento especial que tem vivido na carreira.

 

Entrevista com Daniel Bydlowski 

 

Como foi participar da San Diego Comic-Com e ainda ter vencido dois prêmios importantes?

Foi muito legal. Geralmente filmes para família e de fantasia não fazem parte de festivais importantes, e ter um filme assim e ainda ganhar prêmios relevantes é muito legal. Adorei participar da Comic-Com San Diego e achei que o público foi demais. Muitos me agradeciam e elogiavam o filme mesmo antes da sessão acabar.

 

Eugene foi inspirado em você. De onde veio essa ideia?

Quando eu tinha 10 anos, eu tive a experiência do que agora chamam de bullying. O maior desafio é que a criança que passa por isto acha que o problema é dela, até que ela entende que há outras pessoas que também passam por isso. E era isso que eu queria mostrar para estas crianças, por meio de um personagem com quem elas pudessem se identificar.

 

É mais fácil contar uma história sobre você mesmo ou todo personagem já tem um pouco do criador?

Talvez seja mais fácil contar uma história sobre nós mesmos, já que os detalhes do enredo já estariam praticamente prontos. Mas para uma obra de ficção é preciso saber exatamente quais destes detalhes fazem sentido para o enredo. Os outros detalhes então são eliminados. Assim, personagens fictícios são geralmente mais eficazes, já que têm exatamente aquilo que precisam para fazer parte de um filme de sucesso. Mas claro, todos os personagens, por mais fantásticos que sejam, sempre possuem algo da vida do autor.

 

Como as fantasias e os produtos da Cultura Pop, em geral, podem ajudar os jovens que sofrem bullying?

Eu acredito que aqueles que sofrem bullying muitas vezes escondem o sofrimento porque têm vergonha e acham que eles mesmos são os culpados. Não adianta tentar ensinar de forma didática, é também preciso mostrar por meio do entretenimento que muitos passam por este tipo de experiência e ainda assim conseguem ser felizes.

 

Bullies consegue cumprir esse papel?

Acredito que sim, já que escolas e organizações infantis pedem para mostrar o filme e têm um feedback positivo.

 

Qual é o ponto mais positivo de Bullies e por que o público precisa assisti-lo?

O ponto mais positivo do filme é como uma criança triste consegue se achar no final do filme, olhando para a realidade não de forma inocente, mas também não de uma forma pessimista.