Homens na dança do ventre – Conheça o trabalho de Dudu Calixto

30 jul | 4 minutos de leitura

Dudu Calixto é um juiz-forano de coração, há 15 anos morando na Princesinha de Minas, nascido em Visconde do Rio Branco e apaixonado por dança. Desde cedo, seus pés e corpo já ensaiavam para subir aos palcos. Praticou ballet, lyrical jazz e contemporâneo. Dudu também dança samba, forró e lambada, que foram ensinadas por sua mãe quando ele era criança e adolescente.

Sua verdadeira paixão é a dança do ventre, a qual pratica desde os 15 anos de idade. Há 5 anos, se formou no Estúdio de Danças Árabes Claudia Moppe. Ela, que é bailarina, professora e uma das testemunhas da criação do código de ética da dança oriental árabe no Brasil.

O medo não impediu

Dudu diz que escondia seu talento e vontade de praticar a dança do ventre por medo. “Aprendi os movimentos da dança do ventre aos 15 anos, porém fazia escondido por medo do preconceito. Mas em 2001, vi pela primeira vez um homem se apresentar em um programa de TV e isso despertou em mim o sonho de me tornar um dançarino. Precisei lidar com a resistência das escolas, que não autorizavam a presença de um homem nas aulas regulares, devido às alunas se sentirem contrangidas”, conta Dudu.

O dançarino conta que após ter depressão, foi aconselhado pelo psicólogo a procurar uma atividade que desse prazer e que ocupasse a cabeça. “Nessa época, fiz aula de violino, canto lírico e artes cênicas. A dança continuava em mim, ainda escondida. A dança me ajudou a sair das crises de depressão”, relata Dudu.

Dudu conta que sempre que podia, fazia workshops de temas que não conhecia e que o chamavam atenção. Ele também possui outras formas de aprender, com a ajuda da tecnologia. “Fiz dança folclórica egípcia, libanesa, golfo pérsico e Iraque. Participo de um grupo no WhatsApp de estudo de folclore árabe. Fiz workshop com professores brasileiros que possuem experiência internacional, estudam fora e ensinam aqui no Brasil. Também fiz aula com um professor egípcio, Ibraheem Abd El Maksoud, que se tornou um amigo querido”, conta Dudu orgulhoso.

Dudu Calixto também dá aulas de dança do ventre. “Comecei, na verdade, por acaso. Algumas amigas ficaram conhecendo mais de perto essa dança, me vendo dançar e reuniram uma turma, que me pediram para ensinar. Procurei um lugar pra dar aula e esse foi o primeiro passo. Já participei de concursos e tive excelente colocação, em terceiro lugar em 2 categorias, solo moderno e em dupla moderna com uma amiga”, explica Dudu.

Homem na dança do ventre

Segundo Khaled Emam – é egípcio, vive no Brasil há 23 anos e é consultor artístico árabe e diretor do Amaren International Festival – a dança do ventre começou a ser vista como profissão por volta de 1920, quando nasceram as lendas da dança do ventre, como Nemat Mokhtar, Naima Akif, Taheya Carioca, Samia Gamal. Por trás das bailarinas famosas, diversos treinadores eram homens, um deles era braheem Akif.

A grande questão da presença masculina na dança do ventre é se o homem possui ventre. Sobre essa questão, os dançarinos e portais de pesquisas, explicam que o ventre é o local em que estão alojados o estômago, o intestino, o fígado, o pâncreas, a bexiga.

Dudu Calixto diz que outra polêmica é que a dança do ventre é conhecida por ser feminina, devido as sacerdotisa de Ísis dançar, nos tempos remotos na era do culto à fertilidade. “Porém houve um tempo em que os homens levaram a dança para as tabernas, onde somente eles eram permitidos entrar e dançavam tornando a dança um entretenimento. Esses homens eram chamados de khanit, e eles dançavam da forma feminina para agregar a renda familiar e outros motivos. O mais conhecido foi Bagoas, que foi amante de Alexandre o grande Ele era sírio e exímio dançarino”, explica Dudu.

Dudu afirma que também existem danças especificamente masculinas. Para completar, Dudu explica que a dança do ventre é um termo ocidental. “O nome correto é Raqs el Sharq (dança do leste) devido a posição geografia dos países Egito e Índia. Originalmente a dança é egípcia. Muitos movimentos vieram das danças indianas e dos movimentos dos animais”, finaliza Dudu.

 

 

 

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