Juiz de Fora celebra centenário do sambista Geraldo Pereira

09 jul | 3 minutos de leitura

Artista ganhou o Brasil com músicas marcantes

Em 2018 o sambista juiz-forano Geraldo Pereira estaria completando 100 anos. Criado desde pequeno nos morros do Rio de Janeiro, o músico de temperamento forte acabou se envolvendo com grandes nomes do samba e hoje é considerado referência no cenário musical.

Para celebrar esse verdadeiro legado na história de Juiz de Fora e do país, a Ombrelo começa hoje uma série de matérias em homenagem ao sambista. Ao longo desta semana vamos bater um papo com várias autoridades locais no assunto, como Sandra Portella, Alessandra Crispin e o músico Thiago Miranda.

Foto: TV Cultura

 

História e carreira dignas de filme

Geraldo Teodoro Pereira chegou ao Rio de Janeiro em 1930. Ele foi morar com o irmão mais velho no morro de Santo Antônio. Terminou o curso primário e, ainda adolescente, começou a compor sambas para a extinta Unidos de Mangueira. Amigável e chegado numa boa prosa, logo fez amizade com vários sambista de respeito e aprendeu a tocar violão com Cartola e Aloísio Dias.

Com 18 anos, o músico deixa o morro para morar na Lapa. Conseguiu um emprego de motorista de caminhão de limpeza na Prefeitura do Rio, onde não parou até sua morte. Passou a frequentar os bares da cidade, inclusive, o Café Nice, um ponto de encontro de sambistas e da boêmia carioca.

Foto: Jornal O Globo

Hoje, a história de Geraldo Pereira é reconhecida nacionalmente. O sambista foi um dos responsáveis por contribuir para a divulgação e popularização de sambas que retratavam a alegria e realidade do povo brasileiro da época.

A vida e carreira de Geraldo foi até tema de filme. “O Rei do Samba”, musical de 1999, conta as experiências do artista e toda sua trajetória como sambista. O filme foi todo produzido em Juiz de Fora e contou com o empenho de 280 pessoas que trabalhavam em sistema cooperativo.

O longa contou com 21 canções do sambista, como “Acertei no Milhar” e “Cabritada Malsucedida”.

 

 

Geraldo Pereira morreu em 1955, resultado de uma briga com o malandro “Madame Satã”. Na briga, o sambista teria batido a cabeça na calçada e morrido dias depois devido a uma hemorragia interna. De acordo com o diretor do filme, José Sette, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a famosa briga entre dois dos maiores nomes da malandragem não era realidade e sim a impressão de uma lenda. Segundo Sett, o artista teria morrido na verdade por debilidade física.

 

Músicas que retratavam a realidade da época

Aos 20 anos, Pereira compôs o samba “Farei tudo”, em parceria com Fernado Pimenta. A canção foi proibida pela censura porque os versos eram considerados ousados para época. A partir deste momento ele começa a produzir músicas inspiradas no movimento chamado “samba do telecoteco”. Ciro de Souza era um dos principais articuladores desse protesto.

“Se você sair chorando”, de 1939, foi o primeiro samba, do também compositor, gravado. A música foi finalista do Concurso de Músicas Carnavalescas do Departamento de Imprensa e Propaganda, no governo Getúlio Vargas. O sucesso foi tanto que o samba passou a ser tocado nas rádios e nas ruas do Rio de Janeiro.

 

 

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