Dia do Orgulho Gay: Luta, conquistas e exemplos em Juiz de Fora

28 jun | 4 minutos de leitura

No dia 28 de junho é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBTTI. Para celebrar a data, conversamos com algumas pessoas que fazem a diferença na luta contra o preconceito em Juiz de Fora. Antes disso, entenda como surgiu a data.

O movimento ganhou força em 1969, quando a polícia invadiu de surpresa um bar frequentado por gays e lésbicas em Nova York, nos Estados Unidos. A partir desse episódio teve início a mais famosa luta pelos direitos LGBT do século XX, em um enfrentamento que durou três dias denunciando a violência, a intolerância e a ausência de direitos aos homossexuais.

 

Juiz de Fora na luta contra a homofobia

Roney Polato é professor da Faculdade de Educação na UFJF e um dos líderes do Grupo de Estudos em Gênero, Sexualidade, Educação, e Diversidade da instituição. Em conversa à Ombrelo, o professor explica que a universidade frequentemente realiza ações, campanhas e palestras para promover a inclusão e enfatizar que o preconceito está por fora.

O grupo surgiu em 2010 e reúne pessoas interessadas em debater o tema, como professores e alunos. “Discutir essa questão no meio acadêmico é pensar na própria sociedade e cultura, além de ajudar na inclusão igualitária e sem preconceitos”, completa Roney.

Vale reforçar que outra data importante nesse tema é o dia 17 de maio, quando é lembrado o Dia Internacional de Combate a LGBTTIfobia.

 

Mas você sabe o que significa essa sigla?

Segundo o professor Roney Polato, LGBTTI representa um movimento político e pode, inclusive, mudar de acordo com o entendimento de cada cidadão. No geral, a sigla significa lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis ou transgêneros e intersexuais.

O termo fez aumentar a representatividade no mundo, além de chamar a atenção para dados alarmantes. De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2017 no Brasil foi o ano recorde de assassinatos de LGBTs. Foram 227 homicídios, fora os casos que nem chegaram a ser registrados. Esse levantamento é realizado a partir de crimes que aparecem na mídia, o que pode mascarar a verdadeira realidade. Por isso a importância de leis e políticas públicas efetivas.

Roney Polato ressalta que o preconceito é uma característica histórica em nossa sociedade. “Está ligado a um discurso médico e religioso. Acabou sendo representado de forma negativa e isso ajudou a perpetuar o preconceito, o que gera tanta violência”, explica.

Roney Polato, Joana Machado, Andréa Borges, Fernanda Moura e Julvan Moreira participaram da última mesa-redonda que discutiu a LGBTTIfobia (Foto: Alice Coêlho)

 

“Mudança associada ao amadurecimento”

A estudante de jornalismo, Valentina Souza Avelino, mudou recentemente o seu nome social e assumiu sua verdadeira identidade de gênero. A juiz-forana conta que sempre se sentiu como mulher, só que não entendia. Foi através de ajuda psicológica e com a história de vida de algumas meninas trans que Valentina foi se descobrindo.

“A medida que fui conhecendo o mundo, percebia que muitas das vezes não me associava a certas características e comportamentos designadas ao meu gênero biológico. Minha mente pensava uma coisa, meu corpo materializava outra. Pensava que por gostar de garotos e ter um jeito muito afeminado, conclui pela construção social que era gay. Isso com 16 anos. Mas sempre quando ia na casa das minhas amigas, queria vestir a roupa delas, me maquiar, deixar meu cabelo semelhante ao delas, e me inspirar no corpo que elas tanto idealizavam. Mas foi conhecendo histórias de vida semelhantes que pude perceber que não era gay, nem crossdresser ou drag queem”, comenta Valentina.

Valentina, estudante de jornalismo em Juiz de Fora (Foto: Arquivo Pessoal)

 

A estudante afirma que o preconceito ainda está muito presente. Seja nos olhares, nos comentários ou até mesmo nas risadas. Valentina reforça que ser transsexual é um ato de coragem. Por isso é fundamental o apoio de amigos e família. “Na minha família, tenho apoio de poucas pessoas. Meus pais e irmão são contra ao que sou, minha “(RE) existência trans”. Mas mesmo assim, sigo em frente, porque não posso ficar vivendo para agradar as pessoas, por mais que algumas delas sejam as pessoas que mais amo nessa vida.”

Em Juiz de Fora existem diversos grupos de apoio ao movimento. Um deles é o Força Trans. O espaço funciona quinzenalmente como um núcleo onde se troca informações sobre o direito da população transgênera e experiências de vida.

 

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