ENEM 2019: Confira nossas apostas para o tema da redação
O Exame Nacional do Ensino Médio e a grande dúvida: qual será o tema da redação?
Sim, vai rolar Enem 2019. Depois de muitas confusões, demissões e falência de gráfica, o Exame Nacional do Ensino Médio foi confirmado e vai ser realizado nos dias 03 e 10 de novembro.
ENEM 2019: Confira nossas apostas para o tema da redação
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) e responsável pelo Enem, teve três presidentes apenas no Governo Bolsonaro.
O último a ocupar o cargo foi Elmer Coelho Vicenzi, que foi anunciado dia 15 de abril pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, e saiu no dia 16 de maio. Atualmente, quem responde pelo órgão ligado ao MEC é Alexandre Lopes, anunciado um dia após a saída de Vicenzi.
O MEC passou por diversas turbulências. Quando ainda era ministro, Ricardo Vélez Rodriguez se envolveu em diversas polêmicas, como permissão para compra de livros didáticos com erros e propagandas, a extinção da avaliação de alfabetização, a ordem para filmar crianças cantando o hino nacional e a revisão de obras que abordam o golpe de 1964. Ainda com Vélez no comando, ocorreram quatro trocas de secretários-executivos em três meses.
No dia 20 de março, foi publicado no Diário Oficial da União que o Inep criou uma comissão para inspecionar as questões do Enem. De acordo com o jornal O Globo, a iniciativa tinha como objetivo fazer uma revisão das questões para retirar da prova de 2019 anunciados que o governo considere de viés “ideológico”. Essa foi a primeira vez que uma comissão foi criada para fiscalizar a prova.
Além disso, a gráfica responsável pela confecção das provas do Enem, a RR Donneley, anunciou falência no dia 31 de março. Desde então, ninguém tinha certeza se o Exame Nacional do Ensino Médio iria acontecer.
No dia 14 de maio, o então presidente Elmer Vicenzi garantiu que não houve nem haverá censura de temas nas provas do Enem. Segundo o portal da Câmara dos Deputados, o então presidente afirmou, em audiência pública, que a comissão de três pessoas criada no Inep em março para avaliar as questões do Enem trabalhou por apenas dez dias, encerrou os trabalhos e não retirou itens da base nacional das questões. “Ela não funciona mais e não funcionará durante nossa gestão”, afirmou Elmer.
Na mesma audiência, Elmer explicou que para a elaboração das questões, há chamamento público principalmente entre os professores universitários. Os selecionados elaboram os itens e trabalham junto com as comissões temáticas de assessoramento do Inep para refinar as questões. Se a questão é incorporada, o colaborador é pago, e o item é pré-testado. “Depois que o item é aprovado nesse pré-teste, ele vira bem público, não se mexe nele”, destacou.
O próximo problema a ser resolvido seria quem iria imprimir as provas? No dia 21 de maio foi anunciado que a empresa responsável pela impressão será a Valid Soluções S.A., pelo valor de R$ 151,7 milhões, segundo publicação no Diário Oficial da União.
O processo foi feito sem licitação e essa alternativa de dispensa é permitida por lei em casos de emergência, como perturbação da ordem, calamidade pública, fornecimento de energia ou quebra de barreiras. Também é válida para situações em que há rescisão contratual, e um serviço deixa de ser prestado.
A Valid Soluções S.A será responsável pela diagramação, manuseio, embalagem, impressão, rotulagem e entrega dos cadernos de provas para os Correios. A empresa já tinha sido escolhida neste ano para imprimir as provas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Detalhes do Enem 2019
No dia 03 de novembro, os candidatos terão 5h30 para resolver 45 questões de portuguê, 45 questões de Ciências Humanas e a Redação, que precisa ter no máximo 30 linhas.
Já no dia 10 de novembro, serão 5h de prova, com 45 questões de matemática e 45 questões de física, química e biologia.
Com a nota do Enem, o candidato pode tentar entrar em universidades e faculdades pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Além disso, o ensino de Portugal também aceita a nota do Enem.
Nossas apostas para o tema da redação
Vamos partir do pressuposto que não haverá censura e os temas em alta podem ser abordados. Confira quais são e explicações para eles:
Aposta 1 para o tema da redação: Crime ambiental
Motivo: Em janeiro de 2019, uma barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, localizada em Brumadinho, se rompeu deixando mais de 240 mortos. Até hoje, o país sofre com constantes ameaças de rompimento de barragens, uma inclusive está em alerta constante em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais. A mineradora Vale também é responsável por ela.
Quando o fato ocorreu, houve uma enorme discussão se era crime ou desastre ambiental e talvez esse seja um bom ponto para ser considerado em relação à argumentação.
Levando em consideração que o candidato precisa argumentar e propor uma solução para o problema, o tema sobre crime ambiental levanta diversos problemas no Brasil.
O tema ainda pode ser ampliado, falando sobre Mariana e Césio 137. Pode, também, sair do Brasil, citando casos como as bombas de Hiroshima e Nagasaki, Chernobyl e Navio Prestige.
Para ler e entender mais:
Brumadinho foi desastre ou crime ambiental?
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Aposta 2 para o tema da redação: Violência no esporte brasileiro
Motivo: O que era para ser uma diversão vira uma batalha e todos sofrem com atos de violência, como os atletas, o público e inocentes. Briga de torcida organizada, ofensas aos jogadores, pichações e, em alguns casos, desrespeito com os torcedores.
O Ministério Público do Estado de São Paulo não relaciona algumas mortes com o futebol, pois tem propagado a ideia de que a violência associada ao esporte diminuiu. A principal razão seria a torcida única em jogos clássicos, uma prática adotada desde meados de 2016.
O tema pode ser considerado razoavelmente fácil de ser trabalhado, mas apresentar uma solução para o problema deve ser o grande desafio, já que em grandes jogos é certa a presença reforçada de policiais.
Para ler e entender mais:
Desde 2010, 113 pessoas morreram em brigas de torcida
Aposta 3 para o tema da redação: Consequências da pirataria para a economia e sociedade
Motivo: Pirataria é crime no Brasil, mas nem por isso deixa de ser praticada. Mesmo antes da internet, os produtos piratas circulavam nas ruas, como filmes, CD’s, roupas, sapatos e objetos.
Em alguns casos, a pirataria passa a ser violação dos direitos autorais, quando se trata da reprodução de conteúdo, total ou parcial, sem a devida autorização de quem possui os direitos daquele conteúdo.
No final de fevereiro de 2019, uma operação da prefeitura de São Paulo, com homens da Guarda Civil Municipal fechou um shopping popular no Brás, região central de São Paulo. No local, foi apreendido cerca de 50 toneladas de produtos falsificados.
Atualmente, os líderes de pirataria são roupas, acessórios, sapatos e jogos de vídeo game. Em se tratando de filmes e músicas, líderes em tempos passados, vale perceber que os modelos streaming, como Netflix e Spotify, vendem conteúdo online de uma forma diferente.
A pirataria também é negativa para a economia. Em 2001, segundo a Business Software Alliance, a prática ilegal custou à economia global mais de US$13 bilhões em impostos, além de impedir a criação de diversos empregos.
Para ler e entender mais:
Prejuízos da pirataria à sociedade
Aposta 4 para o tema da redação: Liberação de Agrotóxicos
Motivo: Na onda do orgânico o governo Bolsonaro não está surfando, isso porque em quase seis meses de governo 169 agrotóxicos já foram autorizados. A última leva, 31 produtos registrados, foi formalizada no dia 21 de maio pelo Ministério da Agricultura.
O agronegócio movimenta a economia brasileira, mas tem se tornado prejudicial ao meio ambiente e à saúde da população, como o uso dos agrotóxicos. Recentemente, foi divulgado a morte de meio bilhão de abelhas no Brasil, nos estados de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Segundo análises laboratoriais, foram identificados agrotóxicos em cerca de 80% dos enxames mortos no Rio Grande do Sul, o maior estado com índices de mortes das abelhas.
O número de defensivos aprovados no Brasil vem crescendo de forma significativa nos últimos três anos e isso preocupa ambientalistas e profissionais da saúde. Em 2015, foram 139. Em 2018, 450.
Para ler e entender mais:
Governo federal aprova registro de mais 31 agrotóxicos, somando 169 no ano
Entenda o que são os agrotóxicos e quais riscos representam
Aposta 5 para o tema da redação: Doenças erradicadas aparecendo e vacinação
Motivo: Doenças como sarampo, poliomielite, difteria e tétano voltaram a assustar o Ministério da Saúde, que tinha essas doenças como erradicas.
Em 2018, no Amazonas e em Roraima, houve surto de sarampo, com cerca de 500 casos confirmados e mais de 1500 investigados. Já no Rio Grande do Sul, foram confirmados seis casos da doença. Porém, em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) o certificado de eliminação da circulação do vírus.
Especialistas contam que o retorno dessas doenças pode ser explicado por diversos fatores, como a falta de conhecimento sobre doenças consideradas erradicadas, a divulgação de fake news por redes sociais sobre vacinação e até horários limitados de funcionamento de postos de saúde.
Para ler e entender mais:
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Aposta 6 para o tema da redação: Impactos de Fake News na sociedade
Motivo: Todo mundo achava que seria o tema da redação do Enem em 2018, mas não foi, porém possui grandes chances de emplacar em 2019. Diversas notícias falsas surgiram na época das campanhas eleitorais, prejudicando candidatos. Muitas dessas fake news foram e são vinculadas por meio de rede social, como WhatsApp e Facebook.
Em 2018, o Facebook anunciou o bloqueio de mais de um bilhão de perfis falsos, entre outubro de 2017 e março do ano seguinte, com o objetivo de impedir interferências eleitorais em diversos países, inclusive Brasil.
De acordo com a pesquisa do Instituto Reuters, as redes sociais são a maior fonte de notícias para os brasileiros e isso só aumenta. Segundo o estudo, em 2013, cerca de 47% das pessoas usavam as redes sociais como fonte de notícias. Em 2016, esse número passou para 72%.
Levando em consideração os pontos analisados pela banca do Enem, o candidato precisa apresentar uma forma de conscientização em massa ou talvez até leis para penalizar os responsáveis por notícias falsas.
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Aposta 7 para o tema da redação: Trânsito e seus desafios
Motivo: Podemos concordar que mobilidade é um tema sempre em alta, que influencia a vida de milhões de pessoas e suas atividades diárias. Mas muitos reclamam e poucos apresentam uma solução para resolver os menores problemas que envolvem mobilidade.
Envolvendo trânsito, pode ser abordado outros assuntos, como o número de mortes em acidentes e campanhas de conscientização, uso de radares em estradas que permitem alta velocidade e até mesmo a tecnologia que é usada nos carros, radares e aplicativos. Um outro ponto que pode ser abordado é o uso do celular enquanto o motorista dirige.
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Aposta 8 para o tema da redação: A crise na Venezuela
Motivo: A Venezuela está enfrentando uma grave crise econômica, social e presidencial. Durante o governo de Nicolás Maduro, o país enfrentou uma inflação de 1.350.000%, tornando muito crítica a situação de vida da população venezuelana, que se viu sem itens essenciais como remédios e alimentos.
Hoje, cerca de 48% da população vive em condições de pobreza e a violência aumentou, fazendo Caracas estar no topo do ranking das cidades mais violentas do mundo.
Para não morrerem de fome, cerca de 3,7 milhões de pessoas já saíram do país. Com isso, a população da Venezuela encolheu 11,9% no total e quase 10% nos últimos quatro anos.
Há diversos caminhos a serem seguidos no assunto “crise na Venezuela”, como a ajuda humanitária, o Chavismo, a influência que causa nos outros países. Enfim, se não for o tema da redação, provavelmente alguma questão envolverá esse tema.
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Aposta 9 para o tema da redação: O povo indígena e o governo Bolsonaro
Motivo: No início do governo Bolsonaro, a Fundação Nacional do Índio (Funai) passou a ser responsabilidade do recém-criado Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Porém, no dia 22 de maio, ele retornou ao Ministério da Justiça. O pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa Informática Agropecuária e especialista em mudanças climáticas e em análise ambiental, disse que a Justiça tem a estrutura para cuidar dos assuntos indígenas.
Mas quando a mudança ocorreu, lá no começo do mandato, as principais organizações indígenas disseram que a medida do presidente foi autoritária e teve intenção de favorecer interesses de grandes latifundiários contrários à demarcação de terras para índios e com grande influência na pasta da Agricultura.
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Aposta 10 para o tema da redação: Situação do sistema prisional Brasileiro
Motivo: O G1 levantou, em abril de 2019, que em 2018 houve uma ligeira queda na superlotação das prisões, porém elas ainda continuam 70% acima da capacidade e o percentual de detentos sem julgamento é maior, cerca de 35,9%. São 704,4 mil presos nas prisões, mas o número ultrapassa 750 mil se forem contados os em regime e os detidos em carceragens da polícia.
Além disso, o Brasil é um dos países que mais prendem no mudo. Ainda conforme o G1, o número 704,4 mil presos coloca o Brasil na 26ª colocação em uma lista com outros 221 países e territórios. Porém, se apenas o número bruto for considerado, cerca de 750 mil pessoas presas, o país fica na 3ª posição.
E esse assunto está longe de ser temporal!
Para ler e entender mais:
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Lembrando que temas como Reforma da Previdência e segurança pública também podem ser abordados, visto que o Brasil enfrenta essas grandes discussões. Porém, é provável que o Inep tenha escolhido um tema neutro, justamente para não correr risco da prova ser censurada.
Confira a lista completa de todos os temas de redação do Enem:
1998 – “Viver e Aprender”
1999 – “Cidadania e participação social”
2000 – “Os direitos da criança e do adolescente”
2001 – “Desenvolvimento e preservação ambiental”
2002 – “O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?”
2003 – “A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?”
2004 – “Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação”
2005 – “Trabalho infantil”
2006 – “O poder de transformação da leitura”
2007 – “O desafio de se conviver com as diferenças“
2008 – Ações para preservar a floresta Amazônica
2009 – “O indivíduo frente à ética nacional”
2010 – “O Trabalho na Construção da Dignidade Humana.”
2011 – “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado.”
2012 – “Movimento imigratório para o Brasil no século 21.”
2013 – “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil.”
2014 – “Publicidade infantil em questão no Brasil.”
2015 – “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.“
2016 – “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.”
2017 – “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.”
2018 – “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.”
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