Diretor Swahili Vidal reforça representatividade através do cinema

20 ago | 5 minutos de leitura

Documentário “Cabelo Bom” já ganhou 12 prêmios em vários festivais

O audiovisual vem ganhado cada vez mais força com a era da informação e das inovações tecnológicas. Gravar um vídeo ou até mesmo um curta-metragem já não é mais uma realidade distante. Prova disso, são os celulares que filmam cada vez mais em alta definição. O diretor de cinema e jornalista, Swahili Vidal, conversou com a redação de Ombrelo e contou sobre sua trajetória no cinema, experiências e, inclusive, deixou um recado para os estudante e apaixonados pelo audiovisual que estão no início da carreira.

Foto: Arquivo Pessoal

 

Carreira profissional

Swahili nasceu em Santos Dumont (MG), mas se formou em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Ele conta que entrou na faculdade com o objetivo de ser publicitário. A medida que o curso foi se desenvolvendo, Swahili foi se aproximando do audiovisual. “Na universidade realizei dois curtas, o que definitivamente me empurrou para a carreira. Mas, o ponto culminante da minha escolha profissional foi uma visita que fiz com meu amigo Marco Rodrigo Almeida, hoje jornalista da Folha de São Paulo, ao Rio de Janeiro para assistir uma mostra de filmes do Glauber Rocha. Assisti “Terra em Transe” e a partir desse momento decidi trilhar esse caminho. Fiz minha monografia sobre a montagem desse filme e nunca mais desgarrei”, explica Swahili Vital.

 

“Cabelo Bom”: Contra o preconceito e a descriminação

O diretor está há 10 anos no meio audiovisual, fazendo cinema e TV. Seu primeiro filme, intitulado “Cabelo Bom”, foi realizado em 2016 e codirigido por Claudia Alves. O trabalho foi um verdadeiro sucesso e rendeu a equipe até agora 12 prêmios. “Exibimos o filme em mais de 20 festivais no Brasil e no exterior, entre eles no Festival de Gramado, onde conquistamos o prêmio especial do júri, levando o Kikito para casa”.

Foto: Arquivo Pessoal

O documentário “Cabelo Bom” mostra como as mulheres negras são pressionadas esteticamente para se enquadrarem em padrões pré-estabelecidos. O projeto dirigido por Swahili e Cláudia Alves, dá voz a três personagens que expõem a relação delas e seus cabelos crespos. A ideia foi mostrar a auto aceitação de cada uma dessas mulheres e contar suas trajetórias de vida, além de todo o preconceito enfrentado.

“A ideia surgiu a partir de uma matéria que li no jornal as “It Girls da Periferia. No decorrer dos planos, a codiretora, Claudia Alves, propôs que tratássemos do movimento que vinha se acentuando entre as mulheres negras, de abandonarem as chapinhas e os processos de alisamento e tratamento químico do cabelo para deixá-los naturais, seja no estilo black, tranças ou lacie weave”.

Segundo Swahili, o objetivo do filme sempre foi colocar personagens que pudessem incentivar outras mulheres a se autoconhecerem, a se conscientizarem de suas origens e raízes.

No dia 25 de agosto “Cabelo Bom” será exibido em Berlin e também nesta semana na Colômbia.

 

 

Cinema como forma de expressão

O diretor explica que sempre achou o cinema uma ferramenta muito importante e penetrante na vida das pessoas. “Deve ser uma maneira de transformar a nossa realidade para melhor. O cinema novo me influenciou muito nisso”.

Swahili é muito engajado nos direitos humanos, especificamente na igualdade racial. “Nosso país mascara a cultura negra, discrimina, exclui, aprisiona, mata e apaga tudo relativo a cultura e suas origens”, desabafa o jornalista.

Nas Olimpíadas e Paraolimpíadas Rio 2016 Swahili ganhou o prêmio Emmy Internacional na categoria Cobertura Esportiva. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Novos projetos

Swahili está com dois novos projetos. Ela já nos adiantou que o primeiro será um longa que fala sobre a música trans, tratando principalmente da relação de gêneros, tão discriminada no país. Esse projeto é do Marcio Sal, com contribuição na direção e direção fotográfica de Swahili Vidal.

 

#FicaDica

“O mercado está muito diferente hoje de quando eu entrei na área. Eu comecei estagiando e uma produtora no Rio de Janeiro. É um mercado fechado e não abre as portas para todo mundo, infelizmente. Hoje temos outras formas de mostrar nosso trabalho, existem editas que podem ser acessados mais facilmente. Mas, o conselho que eu dou é que as pessoas devem se associar umas às outras, montar seus próprios grupos, suas próprias produtoras e contribuírem em projetos entre sim. Nisso se consegue que um fotografe, outro seja o operador de áudio, produtor e etc. Os coletivos hoje são as melhores formas de se começar uma carreira no audiovisual, na minha opinião”.

 

FESTIVAIS E PRÊMIOS DO FILME “CABELO BOM”:

 

– FESTIVAL CURTA RETIRO;

– FESTIVAL DE ROTEIRO AUDIOVISUAL – MELHOR ROTEIRO JÚRI OFICIAL;

– FESTIVAL CINE TAMOIO – MENÇÃO HONROSA;

– FESTCURTAS BH

-FESTIVAL DE GRAMADO – PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI;

– FESTIVAL DO RIO;

– FESTIVAL CINEMA DOS SERTÕES – PI: PREMIOS DE MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO, MELHOR DIRETOR E MELHOR FILME PELO JÚRI POPULAR;

– FESTIVAL DE CINEMA DE GOSTOSO – RN;

– FESTIVAL DE INTERNACIONAL DE CURTAS DE BRASÍLIA;

– FESTIVAL DE CINEMA DA BIENAL DE CURITIBA;

– CINEFEST GATO PRETO LORENA (SP) – MELHOR FILME JURI POPULAR E MELHOR CARTAZ;

– FESTIVAL FAVERA – MELHOR DOCUMENTÁRIO E MELHOR FILME PELO JÚRI POPULAR;

– FESTIVAL VISÕES PERIFÉRICAS – RJ;

– MOSTRA ITINERANTE DE CINEMA NEGRO MAHOMED BAMBA – BA;

– MOSTRA EGBE DE CINEMA NEGRO – SE;

– CURTA TAQUARY – PE – MELHOR FILME DA MOSTRA PRIMEIROS PASSOS;

– FESTIVAL MIMOSO DE CINEMA

– MOSTRA PAJEÚ – PE

– CURTA CAICÓ

– MOSTRA SESC DE CINEMA 2018 – MELHOR ROTEIRO

– MOSTRA DEL CINE POR LOS DERECHOS HUMANOS – COLOMBIA 2018

– KANNIBALFEST BERLIN – 2018

 

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