“Nossas escolas se tornaram centros repetidores de conceitos”, diz o escritor Adilson Xavier

27 abr | 2 minutos de leitura

Leia entrevista com uma das mentes mais criativas do país

Muitas pessoas se dizem criativas e consideram isso uma grande qualidade. Entretanto, a criatividade está presente em todas as pessoas, só é preciso saber estimulá-la. Ken Robinson e David M. Kelley, dois dos maiores estudiosos de criatividade do mundo, defendem a ideia de que nossas escolas precisam estimular mais o potencial criativo dos alunos e, consequentemente, seus talentos. Ou seja, nosso ensino básico, fundamental e superior precisa aprender a priorizar conceitos individualmente, valorizando as preferências do aluno.

A realidade brasileira, no entanto, está longe disso, tanto no setor público quanto no particular. Métodos antiquados, decorebas, criação de padrões e o supervalorizado vestibular têm comprometido a vida de jovens que se sentem mal por não seguirem a linha apresentada por professores e familiares. Com isso, vários talentos são desperdiçados. A falta da criatividade faz com que o Brasil deixe de descobrir, constantemente, grandes músicos, pintores, cineastas, dançarino e outros profissionais competentes das mais variadas áreas. Mas será que as pessoas enxergam isso?

Adilson Xavier, um dos maiores especialistas em criatividade e Storytelling do Brasil, bateu um papo com a gente sobre a importância da criatividade na Educação, especialmente no nível superior. Apelidado de “criativo” (uma alcunha não muito inovadora, por sinal), o roteirista, publicitário e escritor Xavier é CEO da produtora Zola e já escreveu livros como Storytelling – Histórias que deixam marcas e O Deus da Criação. Confira abaixo a entrevista completa:

Entrevista com Adilson Xavier

Qual o seu conceito de criatividade??

Criatividade é o que nos aproxima dos Deuses. Para a maioria das pessoas soa como fazer surgir algo do nada, mas na verdade é juntar elementos conhecidos para formar outra coisa. Criatividade é a capacidade de enxergar as coisas que todo mundo vê sob um ponto-de-vista inexplorado. É a capacidade de surpreender e provocar encantamento.

 

A criatividade deve ser uma das prioridades no ambiente das salas de aula?

Não precisa ser a prioridade absoluta, mas deve estar sempre lá. Quando se coloca a criatividade em cena, tudo fica mais divertido, desafiador, interessante e memorável. Nossas escolas estão perdendo o jogo da atratividade porque se tornaram centros repetidores de conceitos, em vez de centros buscadores de novos ares.

 

Um profissional extremamente criativo tem mais chances no mercado de trabalho? Por quê?

Claro. Ser criativo é encontrar soluções, e todas as atividades profissionais precisam de gente com ideias para aumentar sua eficácia, atratividade, produtividade e rentabilidade.

É possível acreditar que teremos, no futuro, um ensino superior e um mercado de trabalho com alunos e profissionais mais inovadores e criativos?

Isso é condição sine qua non para nos tornarmos competitivos no mundo atual. Sem profissionais inovadores e criativos, vamos estagnar. Sem ensino fomentador da criatividade, desde o jardim de infância até a universidade, não conseguiremos formar pessoas com capacidade de fazer a diferença.

 

Alunos criativos tornam-se profissionais mais criativos e, consequentemente, mais aptos a mudarem a sociedade? 

Prefiro deixar de lado o binômio aluno/profissional. Precisamos partir do princípio de que a escola existe para a formação de pessoas, aptas a conviver saudavelmente com outras pessoas em todas as situações, inclusive no trabalho. Se essas pessoas forem estimuladas a pensar criativamente, sim, elas serão capazes de transformar a sociedade e gerar felicidade.

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