Fotografia que explora o corpo humano – Conheça o Projeto Nuance

31 jul | 7 minutos de leitura

Corpo, fotografia e natureza

Abra seu Instagram. Digite na busca do aplicativo: Projeto Nuance. Role a tela. Observe as fotos. Sim, são pessoas quase nuas. Não se assuste, nem pare de olhar o perfil do projeto. As fotos são lindas.

Tomara que esse choque da primeira impressão seja positivo e te cative. Wagner Silva, o idealizador do projeto, sentiu necessidade de retratar de forma simples e objetiva a diferença e semelhança, ao mesmo tempo. “Quando pensei em criar o projeto pesquisei sobre trabalhos similares na cidade e, até então, não conhecia nada nesse seguimento (talvez pelo fato de morarmos em uma cidade “conservadora”). Com toda certeza a maior motivação foi romper, de maneira sutil, a forma com que as pessoas vêm o nu”, explica Wagner.

Procurando no dicionário uma palavra para nomear o projeto, Nuance foi a escolhida. Ela conseguia expressar o que Wagner queria. “ Nuance simboliza toda essa mistura de formas e cores que somos”, conta o idealizador.

 

Projeto Nuance

Orgulhoso de seu trabalho, Wagner se preocupa em mostrar a realidade, sem excessos de edições ou modificações do real. “Gosto de enxergar as dobras, as costelas, observar os músculos e ao final de tudo saber que ali não há apenas um, mas vários destaques. A maioria das minhas fotografias são compostas com natureza ao redor e isso chama atenção. Acredito que a mensagem para isso seria: “Somos essa natureza, assim viemos e assim retornaremos”, explica Wagner.

Se uma simples foto postada em uma rede social já pode gerar um burburinho, imagina um perfil em que as fotos consistem em pessoas nuas? Sim, deve ser difícil. E Wagner não mente. “No começo foi bem difícil lidar com as críticas e a forma com que as pessoas enxergam o nu, porém isso diminuiu muito no último ano. Mesmo com todas as críticas, tenho recebido bons frutos do meu trabalho, seja pelo reconhecimento na cidade e/ou fora do país”, conta.

Wagner diz que recentemente fez uma colaboração para um site de Berlim que tem boa visibilidade na cidade e neste ano foi convidado a fazer as fotografias do livro de Leonardo Costaneto, escritor de Belo Horizonte. “Surgiu, também, a chance de uma exposição aberta, mas achei que não era o momento nem local para isso. Sempre penso sobre expor, porque as imagens serão dos modelos e preciso ser cauteloso, afinal todos tem seus círculos familiares e sociais”, explica.

O idealizador do projeto conta que as críticas, sejam positivas ou construtivas o incentivam no trabalho. “As críticas e elogios são o equilíbrio para que eu possa continuar o projeto. Com as construtivas, eu tento me reinventar e com os elogios vejo que estou no caminho certo, sem me acomodar”, conta Wagner.

O Projeto Nuance já passou pelas 4 capitais do sudeste (Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Vitória), e já passou por mais de 20 cidades. “Vou para locais onde tenho bons seguidores do meu trabalho. Para o ano que vem, pretendo levar o Nuance para o sul ou nordeste do país”, diz Wagner orgulhoso.

 

Medo e insegurança

De forma muito errada, muitas pessoas não estão de bem com o corpo. E de certa forma, isso pode travá-las. Wagner conta que muitos modelos chegam nos ensaios travados. “O maior medo das pessoas que já fotografei é o corpo. Na maioria dos casos, a pessoa ainda não se sente bem consigo mesma ou fica nervosa com poses que mostram o nu frontal, que é o maior dos tabus. Mas no decorrer do ensaio tudo flui, pois sou bem brincalhão e isso de uma certa forma deixa o ensaio menos tenso e mais descontraído“, diz.

Se você observar o perfil do Projeto Nuance, a maioria das fotografias são homens, correto? E Wagner deseja mudar isso. Ele explica que o Nuance foi desenvolvido para ambos os sexos, mas durante o caminho, os homens foram aparecendo de forma natural. “O número de inscrições é de aproximadamente 95% por homens. Pensando nisso, decidi abrir um projeto em paralelo para o público feminino, o Womam Power, que terá início nesse próximo semestre. Estou confiante que conseguirei reverter este quadro”, conta Wagner.

Ele acredita que a baixa participação feminina no projeto seja por receios e inseguranças. “Ainda vivemos em uma sociedade machista em que a mulher, de alguma forma, é aprisionada e transformada em objeto privado de seus relacionamentos afetivos. Acredito que muitas mulheres não posam por receio da opinião dos parceiros e, as mulheres solteiras, pelo que irão dizer a seu respeito. Algumas também por questão de corpo, falam que precisam malhar mais e depois fazemos as fotos. O fato é: estamos em busca de liberdade e igualdade, certo? Que tal sermos realmente iguais e termos as mesmas liberdades e direitos?”, questiona Wagner.

 

Redes Sociais e diretrizes

O Instagram, para quem não sabe, bloqueia algumas fotos que eles acreditam que sejam impróprias para outras pessoas verem. Wagner diz que essa tristeza acontece sempre. “Está cada dia mais difícil lidar com tanta censura no Instagram e em outras plataformas. Até hoje não entendo as políticas e diretrizes das redes sociais e já desisti de tentar. O que ando observando é o crescente número de trabalhos censurados e retirados dessas plataformas, que mesmo quando seguem a risca todas as diretrizes são perseguidos, ora pela plataforma, ora pelos usuários”, conta o idealizador indignado.

 

Além da profissão

Com 32 anos, Wagner começou a fotografar em meados de 2014. Nessa época, a dedicação era para fotografias de paisagens, que ele declara ser uma de suas grandes paixões. Mas fotografia é a profissão de Wagner? Não. “Ainda não sou um profissional nessa área, pois não sobrevivo da mesma. Tenho me dedicado para isso, em breve quem sabe! No momento sou Operador de Arquivos Digitais em uma empresa da cidade e estou cursando tecnólogo em Design Gráfico, que são duas áreas ligadas diretamente as artes visuais”, explica.

Mas a paixão pela fotografia não começou por acaso.Wagner conta que a história com a fotografia começou quando ele ainda nem tinha cabelo (palavras dele). “Eu adorava sentar e ficar admirando aqueles álbuns familiares com recordações do tempo e de pessoas. São momentos congelados por um instante e, que em alguns casos não podem ser revividos, isso me fascina até hoje”, conta.

Hoje, com o trabalho de congelar os melhores momentos alheios, Wagner explica que a sensação de registrar um cena é incrível, pois com elas, você pode reviver experiências. “Hoje, mais maduro entendo melhor a carga de sentimento que uma fotografia pode carregar, que o diga a foto de minha mãe guardada a sete chaves em minha gaveta. E quando minha memória falhar, lá estará o sorriso mais lindo que já pude presenciar em minha vida, graças a fotografia”, explica Wagner.

O idealizador do Projeto Nuance conta que as sessões de fotografias se tornaram uma terapia e que o aprendizado foi além do que ele imaginava. “As fotografias e os participantes me fizeram refletir sobre quem sou e os tabus sobre meu corpo e estética. Hoje percebo com clareza que sou o maior beneficiado. Pude me conhecer e observar que essa evolução veio das várias pessoas que conheci através do projeto, além é claro, de ouvir relatos dos modelos que depois de participarem começaram a se amar mais do jeito que são”, conta Wagner orgulhoso.

 

Quer ser fotografado pelo Wagner e participar do Projeto Nuance? Se liga como faz:

Wagner trabalha com ensaios particulares e colaborativos.

Para ensaios particulares é só entrar em contato e pedir um orçamento:

E-mail: wphotosjf@yahoo.com.br

Telefone ou WhatsApp: (32) 99947-9279

Site: http://wagnerphotos.com.br/

Para trabalhos colaborativos:

Wagner abre inscrições duas ou três vezes ao ano no site, e por lá, ele faz uma seleção dos próximos colaboradores do projeto. Ele ainda destaca: “Falando em inscrições, estão abertas as inscrições para meu novo projeto WOMAN POWER que será voltado para o público feminino”, finaliza o idealizador do Projeto Nuance.

 

 

 

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